quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jefferson Braga - Grande artista brasileiro

Autor: José Santiago Naud.
Brasília, outubro de 1993  

OBS: Transcrição de uma crítica

"Até que ponto a abstração exclui a realidade – é uma questão que se põe, ao contemplar-se a pintura de Jefferson. E a resposta vem com presteza quase imediata, ao constatar-se o mundo em construção do seu trabalho. É que, em si mesma, a arte opõe-se à natureza, de onde as diferenças entre artifício e real. Mas, em certas criações, tal exercício abstrato pela manufatura aquele instante de apreensão em que a gente, percebendo o mundo, o resgate no olho interior a mão separa e reúne. Esta é uma experiência fecunda para a emoção aberta á beleza deste quadros. Suas construções abstratas devolvem a própria realidade. Assim, na graduação dos tons, fixando o lado onírico do puro olhar, o artista concretizou pelo espaço da tela e a matéria das tintas as ambientações notunas, aquáticas ou terrestres dos seus temas. Também explode solar a magia das coisas alcançadas em transparêcias, intencionalidade e acaso semelhantes à maravilha de um vitral.     
Pode-se até falar de certa geometria das significações, em que o artista joga com estruturas de formas imprevistas, parecendo  aves, constelações, luares e magmas, algas, raizes sensações de fato inapreensíves mas viáveis no íntimo de cada um. Nestas condições, o mundo de fora exprode no mundo de dentro e, sem força a barra, pode-se até fala de uma visão mais ampla, cósmica, que o artista reflete e na qual se reflete. 


 Deixando para o especialista as considerações de ordem técnica, devo concluir que a atual fase de Jefferson culmina um longo e valioso processo, iniciado autodidaticamente por formas ingênuas ou primitivas e registrando em inúmeras exposições, coletivas ou individuais. 


Ao código arrancando das figuras recorrentes, feitas suas, o pintor soma agora uma construção autônoma, que em seu mundo transforma o próprio mundo e não desonra a multiplicidade, riqueza e vibrações da melhor arte brasileira."   

José Santiago Naud.
Brasília, outubro de 1993