sábado, 12 de junho de 2010

A ARQUITETURA DA FÉ DO RIO GRANDE DO NORTE - Castelo do Zé dos Montes em Sítio Novo


A turma de alunos do Curso Introdução à Fotografia Digital ministrado pela professora Elizete Arantes, do Núcleo de Tecnologia Educacional do Natal, foi até Sítio Novo a 118 quilômetros de Natal para fazer as fotografias que serviriam para a avaliação de ensino-aprendizagem. O que era apenas uma aula de campo tornou-se uma aventura maravilhosa e inesquecível.





Resolvemos visitar o Castelo da Serra da Tapuia construído por José Antônio Barreto, conhecido por Zé dos Montes, que nos contou sua história de realismo fantástico, digno das histórias de Ariano Suassuna, escritor paraibano nascido em 1927.

Como a turma era composta de profissionais da educação, curiosos por excelência, só o texto não bastava, precisavam do contexto. Fomos buscar informações sobre o autor da obra surrealista, seu Zé dos Montes, que nos presenteou com a história do castelo que se confunde com a sua própria história, por isso prefere ser chamado pelo apelido.

Seu Zé dos Montes nos seus 77 anos, contou-nos que quando tinha onze anos apanhava lenha próximo ao Serrote dos Caboclos, em Pedro Avelino, quando viu a Virgem Maria pela primeira vez. A imagem de mulher, vestia uma roupa de tecido azul transparente sobre o monte e indicava na rocha estranhos desenhos que só poderiam ser decifrados por ele. A mensagem dizia, que a “Deus dá-se o nome de rocha e toda a sabedoria estava no monte”. As visitas de Nossa Senhora se tornaram freqüentes até que um dia pediu-lhe um castelo.

Nas terras da Serra da Tapuia, seu Zé do Monte encontrou o cenário adequado pra realizar sua grande obra. Com essa história surreal, passou a pregar no interior do Nordeste o poder das rochas e ganhou o apelido de Zé dos Montes. Começou a construção do castelo em 1984, mas sempre tem uma reforma a ser feita.
O castelo é simples, rústico, porém de uma beleza extraordinária.

Os labirintos são acrescentados aos poucos e parece que dificilmente se contentará com o fim da construção, que não segue uma simetria de estilos ou de materiais. As torres pintadas de cal branco lembram os castelos europeus, ligeiramente remetem-se a Gaudí, arquiteto Catalão (1852-1926)e também o Castelo dos Mouros, de fundação mulçumana, datado século IX em Cintra, Portugal. Porém, percebe-se que o objetivo do seu Zé dos Montes não era realizar uma obra de arte arquitetônica como o famoso arquiteto Gaudí ou com a interminável “Sagrado Coração”, e sim, apenas homenagear Nossa Senhora a qual era devoto.

Seu Zé dos Montes também mora numa casa que foi construída em cima de uma grande pedra onde permanece por vários dias. Não há energia elétrica, nem água encanada. Próximo ao castelo fica uma casa simples onde mora o caseiro do lugar, que se apresenta como filho adotivo e diz que o castelo está à venda. O que nos pareceu, foi que o caseiro não entende bem a devoção do seu Zé dos Montes para com Nossa Senhora e aos Montes, fato que aos poucos, está sendo esquecido pela população.

Alguns até se referem ao seu Zé dos Montes, como uma personagem bizarra ou até louca. No entanto, se o castelo for vendido perderá o objetivo para qual foi construído, consequentemente, perde a sua essência.

Para chegar ao local, que é mais uma alternativa de turismo e lazer, um passeio com a família ou amigos e até mesmo com alunos, siga pela BR-226. Quando chegar a Tangará siga direto até o final da avenida principal. Na lanchonete “Dois Irmãos” entre a direita com destino a Sítio Novo.

De Tangará até o castelo são 25 quilômetros. O acesso ao castelo custa R$ 5 reais por pessoa, mas se houver uma programação antecipada e entrar em contato com os guias, para grupos formados com 20-30 pessoas, o preço cai substancialmente. Tem sempre um guia no local.



E, se seu Zé dos Montes estiver de bom humor, você terá oportunidade de conhecer uma pessoa fantasticamente diferente e com muitas histórias para contar. O que poderá nos auxiliar para trabalhar o multiculturalismo com a interdisciplinaridade dos saberes.

No entanto, a desvalorização cultural, artística e turística, faz com que esta obra prodigiosa e incomparável, caia cada vez mais no esquecimento, tornando-se alvo de vândalos, como já aconteceu algumas vezes.

14 comentários:

  1. F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O !!!!!!!!!!!!!
    Adorei participar desta "aventura"... As aulas foram ótimas... Mas, estas fotos... Estão de arrepiar!!! Bjs. Sndra França

    ResponderExcluir
  2. Parabéns professora Elizete pela excelente matéria e fotografia.

    ResponderExcluir
  3. Fotos lindas!A deve ter sido uma aventura inesquecivel!
    Beijos

    ResponderExcluir
  4. Maravilhoso! Que pena não participei dessa aventura, parabéns.

    ResponderExcluir
  5. Amei. Parabéns a todos que participaram dessa aventura.O que não falta à prfessora Elizete são boas ideias, hem!?

    ResponderExcluir
  6. Professor Gilson Bezerra13 de junho de 2010 às 13:21

    Oi Elizete,
    muito boa sua opção de passeio, adoro visitar esse castelo, tem um quê de misticismo, essas torres brancas de inspiração mourisca, a localização do castelo, gosto de tudo...
    as fotos também ficaram otimas,
    bj

    ResponderExcluir
  7. Elizete,

    Parabéns pelo excelente trabalho!! Que castelo lindo até viajei na minha imaginação........... de que toda mulher um dia foi menina e sonhei com um lindo vestido azul ou rosa e um lindo príncipe montado no cavalo branco. Beijos You vey special!!

    ResponderExcluir
  8. SAMUEL ARANTES TEIXEIRA18 de junho de 2010 às 23:23

    Elizete, bela história e belas fotos. Parabéns pelo excelente trabalho.

    Samuel

    ResponderExcluir
  9. Fantástico, que pena que fica no esquecimento e a mercer dos vândalos.No nosso estádo tem disso,não valoriza o que é belo,que existe aqui no interior do estado.Parabéns Elizete pelo trabalho.
    Abraços

    ResponderExcluir
  10. Adorei. É de uma beleza sem igual

    ResponderExcluir
  11. Belas fotos gostaria de ver de perto mas, nem sempre é possivel fazer o que desejamos. Um abraço.

    ResponderExcluir
  12. Adorei essa paisagem. É fenomenal.

    ResponderExcluir
  13. Amei as fotos e o texto. Nunca cesso de me abismar de como ainda tem tanto do nosso Brasil para eu conhecer. Obrigada Eli:)

    ResponderExcluir

Gostou da postagem? Então comente e ou dê sugestões. Aqui você tem opinião.