domingo, 13 de junho de 2010

ARQUITETURA DO PERÍODO IMPERIAL DO RIO GRANDE DO NORTE -Solar do Ferreiro Torto-(1822 a 1889)

A turma do curso de Fotografia Digital, ministrado pela professora Elizete Arantes do NTE-Núcleo de Tecnologia Educacioanal do Natal, fez uma aula de campo para avaliação do ensino aprendizagem no Solar do Ferreiro Torto, que se localiza no municipio de Macaiba, no estado do Rio Grande do Norte a 18 Km da capital.
A intenção dos alunos e da professora era apenas conhecer a construção do Período Imperial que começa em 1822 – 1889 e fotografar nos mínimos detalhes. Segundo Vicente Vitoriano (2003 ) o Solar do Ferreiro Torto é a maior representação desse período no Estado do Rio Grande do Norte.


Infelizmente, a turma teve que se contentar em observar apenas a parte externa, já que o solar passou a ser um Museu aberto ao público de segunda a sexta, e para desapontamento dos turístas, no sábado é totalmente fechado e não tem ninguém para passar informações. No entanto, seguindo a teoria de que a ‘imagem aguça a curiosidade’, fomos buscar informações com algumas pessoas que já tinham ido lá anteriormente e estavam retornando para fotografar. Com isso, descobrimos o lugar ideal para levar nossos alunos com objetivo de conhecer a história do Estado através da arquitetura local.


Muitas histórias interessantes cercam o solar construido em meados de 1614 e que foi a sede do 2° engenho de cana-de-açúcar a ser erguido no RN. Recebeu esse nome pois o rio potengi passa ao lado do engenho e na década de 1920 o rio vinha até o antigo cais próximo ao sobrado da casa grande e era possível navegar da fazenda até o cais do Passo da Pátria, em Natal.


Por ficar perto do porto de Macaíba, o solar foi local de várias batalhas contra os holandeses e por diversas vezes quase totalmente destruído. Abandonada por vários anos, a região só voltou a ser habitada no final do século XVIII com a construção do casarão em 1847 pelo Coronel de Milícias Joaquim José do Rego. Antes disso, a casa era de taipa socada e seguia o padrão das casas coloniais, comum à época.

O Solar do Ferreiro Torto era considerado a propriedade mais bonita e que oferecia melhores condições de utilização dos recursos naturais da região. O terreno era coberto por extensa floresta de mata atlântica, parte dela ainda conservada. Havia também o canavial que abastecia o engenho, a plantação de mandioca que fornecia matéria-prima para o fabrico de farinha e nos seus pomares frutas variadas. O último proprietário do casarão foi a Sra. Amélia Duarte Machado, conhecida como ‘a viúva Machado’.

As características das construções de casarões desse período se destacam pela sólida e consistente qualidade da arquitetura de paredes grossas, tetos altos e grandes janelas, com beirais e varandas pronunciadas, colunas, frisos horizontais na parede externa, dois pavimentos, jardins e pátios internos. Esses casarões foram construídos em uma época em que não existia a figura formal do arquiteto, principalmente aqui no nordeste. A excelência na arte de se construir casarões assim era transmitida através das gerações a partir dos ensinamentos dos mestres artesãos aos seus aprendizes.



O nome Ferreiro Torto teve origem em um coqueiro muito alto e torto, que existia bem próximo à porteira da fazenda, e quase embaixo dessa árvore um ferreiro havia montado a sua tenda e oferecia os seus serviços aos tropeiros, que por ali passavam e tinham necessidade de corrigir as ferraduras dos seus animais.


O solar do Ferreiro Torto foi tombado em 15 de setembro de 1989 como patrimônio artístico e cultural pela Fundação José Augusto e em 1994 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), após funcionar como sede do poder Executivo municipal no período de 1983 a 1989.


O Museu do Solar do Ferreiro Torto, como é conhecido, tem um acervo fotográfico de famílias típicas da região, personalidades do Rio Grande do Norte que contribuíram com a história e a cultura; algumas esculturas, inclusive o busto de Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, professor, político, aeronauta inventor do dirigível balão PAX; nascido em Macaíba (1864 - 1902); e vários utensílios antigos, uma máquina de fabricar farinha de mandioca, prensa e um engenho com seus utensílios (moendas, tachos, bica e formas de rapadura), também um carro de boi do século XIX.
Um passeio pelo jardim do solar nos levou à escultura de um escravo acorrentado. Conta a lenda que uma filha do senhor do engenho se apaixonou por um escravo. Esse assunto já era notícia entre os moradores do engenho, até que um dia o pai viu os dois conversando. Então ele resolveu agir rapidamente, e foi pegar uma arma para matar o escravo, mas quando ele atirou sua filha se jogou na frente e o pai acabou matando-a. Com muita raiva desse escravo ele chamou os capitães-do-mato, que o enterraram vivo.




Também encontramos no jardim um canhão, que de acordo com as lendas locais foi utilizado nas batalhas de defesa do solar contra os holandeses.
Mais adiante, seguindo por trás da construção, fica o antigo cemitério do Solar do Ferreiro Torto, as ruinas da capela e seguindo o manguezal podemos encontrar as ruinas do antigo porto do Ferreiro Torto.


Referencias:
ARAÚJO, L. M. de; MEDEIROS, M. C. de; MEDEIROS, M. do S. de e ALENCAR, E. de M. Os engenhos do Ferreiro Torto e Cunhaú. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web: acessado em 26 de junho de 2010.
CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro, Departamento da Imprensa Nacional, 1955, p. 58-59.
VITORIANO. Vicente. Introdução à cultura do Rio Grande do Norte. João Pessoa, PB: editora Grafset,2003. P. 63
MEDEIROS, Alberto; MEDEIROS, Maria Zélia Pinheiro de e PINHEIRO, Maria Izaura. História do Rio Grande do Norte. Natal: Tribuna do Norte, 1998.
As fotografias são dos alunos do curso de Introdução a fotografia Digital, ministrado pela professora Elizete Arantes, no Núcleo de Tecnologia Educacional do Natal.

4 comentários:

  1. Parabéns!
    Um bom trabalho, muito sugestivo para ser ampliado, ou iniciar outros...
    Lúcia monteiro

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  2. QUE LINDO! Percebe-se o gosto de contar a história por trás da arquitetura, com seus romances, tragédias, caracteristicas de vida daquela época. Parabéns!
    Danielle

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